Os homens sabem identificar as emoções femininas?
Saiba quais as implicações para o relacionamento do casalMuitas mulheres reclamam da falta de sensibilidade masculina na hora de compreendê-las. E o que muitas delas já sabiam, na prática, foi confirmado pela ciência. De acordo com uma pesquisa da Universidade de Edimburgo, na Escócia, os homens não sabem identificar emoções ou o que se passa na cabeça feminina apenas olhando para o rosto e demonstram mais dificuldade na tarefa em comparação com as mulheres.
A
conclusão foi baseada na análise de fotos de rostos por voluntários de
ambos os sexos e pelas impressões que cada um tinha sobre as imagens. Os
cérebros dos participantes foram escaneados e o tempo de resposta foi
medido. Os voluntários precisaram responder primeiro se a foto era de um
homem ou de uma mulher e depois dizer o quanto inteligente a pessoa
parecia. Depois, precisaram fazer julgamentos sobre a personalidade de
cada um.
Na
primeira etapa não houve diferenças significativas entre as respostas
masculinas e femininas, mas quando chegou a hora de formularem suas
impressões os homens demonstraram muitas dificuldades. Os testes
revelaram que a região do cérebro responsável pelos julgamentos sobre as
emoções ficaram muito mais irrigadas nos voluntários masculinos, o que
aponta que eles precisam se esforçar mais para chegar a alguma
conclusão.
Qual a implicação para o relacionamento do casal?
Fica
claro que, no dia a dia de um casal, muitas mulheres acabam esperando
que seus parceiros tenham a compreensão do que se passa com elas apenas
olhando. Há situações em que muitas delas se decepcionam com seus
companheiros, em virtude de algum erro cometido por eles, mas, ainda
assim, os perdoam. Porém, demoram a esquecer o que ocorreu e costumam
trazer à tona o assunto quando há alguma crise, mesmo que pequena.
Em seu blog,
o bispo Renato Cardoso, explica que é preciso compreender que homens e
mulheres são diferentes para agir e reagir em diversas situações. “Os
cérebros feminino e masculino são bem distintos e, por isso, homens e
mulheres se comunicam de maneiras diferentes e cada um tem suas
peculiaridades”, afirma.
Segundo
ele, o homem é mais prático. “Costuma pensar de forma linear e separar
bem as coisas. Consegue isolar o erro cometido de todo o resto, pedir
perdão e olhar para frente, dando o caso por resolvido.”
O
bispo destaca que o homem precisa entender que a mulher é emotiva e
mais lenta para esquecer e superar o passado. “O homem deve trabalhar de
forma que as atitudes presentes dele não façam a esposa lembrar-se do
que passou. Em vez de ficar irritado com a mulher, precisa dar o tempo
necessário para que ela possa recuperar-se.”
A
compensação do lado feminino é entender que a emoção é a forma errada
para resolver problemas. “É péssima para a comunicação. A ferramenta
certa é usar a razão, a inteligência para se expressar com clareza e com
o objetivo certo”, esclarece o bispo.
Filhos das internas da Fundação Casa.
Por Andrea Dip andrea.dip@folhauniversal.com.br
Filhos das internas da Fundação Casa.
Por Andrea Dip andrea.dip@folhauniversal.com.br
Uma
porta pesada de ferro se abre. Um guarda, um detector de metais e uma
cabine blindada aparecem. Mais alguns passos, e o barulho da porta se
fechando identifica que daquele lugar não entra e sai quem quer. Um
caminho de concreto, mais algumas portas, mais um ou dois guardas, mais
um portão fechado. Através das grades é possível ouvir bebês e vozes de
adolescentes. Lá, o clima tenso desaparece e, às vezes, dá para esquecer
que se está em uma Unidade Feminina de Internação Provisória (UIP) da
Fundação Casa, ex-Febem. Em poucos metros quadrados funciona a Casa das
Mães, que separa adolescentes grávidas e com bebês das outras internas.
Ao todo, a unidade abriga 118 meninas de 12 a 20 anos incompletos, e o
tempo médio de internação é de 1 ano e meio. No momento da visita,
algumas meninas pintavam quadros, outras faziam pães e doces em uma
grande cozinha. K., de 16 anos, era uma delas. De avental branco e
sorriso largo, ela conta que “rodou” (foi pega), junto com o marido, de
48 anos, por tráfico de drogas e está na UIP há 9 meses. “O juiz disse
que ele me usou. Mas eu acho que ninguém usa ninguém, vai por esse
caminho quem quer”, diz a jovem, que entrou grávida de 4 meses e teve a
filha num hospital conveniado à Fundação. “Eu entrei dizendo: ‘vou
traficar, a vida do crime é isso mesmo’. Agora, penso na minha filha, em
como vai ser.” Até março de 2006, as meninas que entravam grávidas na
Fundação Casa eram levadas a um abrigo assim que os bebês nasciam e lá
ficavam com os filhos por 4 meses. Após esse período, as mães voltavam
para a internação e os filhos iam para a família da menina ou para um
orfanato. Grande parte das meninas fugia e nem voltava para a Febem. A
Casa das Mães, com 12 vagas, não supre a demanda de todo o Estado, mas é
a única em São Paulo e possibilitou que os bebês fiquem com as mães até
o final da medida sócio-educativa. “Aqui é feito o pré-natal, há
acompanhamento psicológico. Os bebês são tratados no posto de saúde da
região, tomam as vacinas e não lhes faltam alimentos, roupas e
estrutura”, conta Maria Isabel Melo, diretora do Internato Feminino, que
fica no bairro da Mooca, zona leste da capital paulista. As roupas e
brinquedos chegam através de doações e, por vezes, são trazidos por
familiares das meninas. Ali, os bebês ficam 24 horas ao lado das mães. O
quarto grande é coletivo, com berços ao lado das camas. As meninas
lavam a própria roupa e a dos filhos, ajudam na comida, na limpeza e têm
oficinas de panificação, manicure e, a mais procurada, de bordado.
Maria Isabel explica que as adolescentes que chegam grávidas têm
geralmente o mesmo histórico: “O tráfico é o motivo mais comum.
Geralmente, é por amor. Elas se envolvem na vida dos companheiros e
quando elas vêm para cá, eles são presos. A maioria já tem filhos de
outros relacionamentos”, diz. Essa é a história de J., 17 anos. Há
poucos dias na unidade, está grávida de 38 semanas e conta que deixou
uma filha de 3 anos com a mãe. Esse é seu maior sofrimento. “Minha mãe
cuida bem, mas disse que não vem me visitar nem trazer minha filha,
porque preciso pagar pelo que fiz. Entrei para o tráfico porque era o
caminho mais rápido para comprar as coisas que eu queria. Mas nem de
perto é o caminho mais fácil”, diz, amadurecida pela realidade. E para o
futuro? J. faz uma pausa de silêncio enquanto mexe na longa trança de
cabelos negros: “Quero conhecer pessoas que me ajudem não com dinheiro,
mas com um ombro. Quero cuidar da minha família, dos meus filhos”. E o
pai? “O pai da minha filha é do crime. E o pai do meu filho está preso”.
Para o psicólogo Rubens Maciel, as meninas que vão para a Fundação Casa
têm a família desestruturada ou vivem em situação de miséria. “Elas
saem de casa porque o convívio com os pais e irmãos é degradante,
violento. E, não encontrando segurança em casa, vão procurar esse
carinho em um namorado que também vem de uma situação semelhante”,
explica. Por esse quadro caótico, Maciel acredita que a situação dos
bebês que nascem atrás das grades é relativa. “Se você comparar com a
rua, eles estão em uma situação melhor, porque nada falta, estão num
ambiente seguro. Mas, se comparada à situação de uma família
estruturada, eles estão em uma condição pior, porque estão privados de
liberdade por um delito cometido pela mãe”. É o caso da bebê de G. (de
18 anos), interna há 1 ano e 4 meses. “Ela está engatinhando e quer ir
para fora, vai até o portão e quer sair”, conta. O caso dela é o mais
grave entre as oito meninas que ocupam a Casa das Mães. Após alguma
resistência, conta que cometeu latrocínio, roubo seguido de morte. Ela
também estava com o marido no momento do crime e ainda tem 3 ou 4 meses
como interna para cumprir. Quando sair, pretende ir morar com a sogra no
interior e aceitar qualquer trabalho. “Não posso ficar escolhendo,
né?”, diz a adolescente. Sobre sonhos e o futuro, elas não falam. Dão
respostas vagas. O fato é que as meninas estão entrando para o crime
cada vez mais cedo. Em 2000, a idade média das internas era de 18 anos.
Hoje, as meninas “rodam” com pouco mais de 15. E descobrem, nas palavras
de J., que esse caminho é “rápido, mas nunca fácil”. Berçários e
creches nas prisões O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, no
fim do mês passado, uma lei que garante condições mínimas de
assistência a mães presas e recém-nascidos. O texto determina que as
penitenciárias femininas tenham berçários onde as mães possam cuidar e
amamentar os filhos até, no mínimo, 6 meses depois do nascimento. A lei
assegura ainda que haja acompanhamento médico pré-natal e pós-parto. Até
então, as detentas ficavam com os bebês até os 4 meses de vida e depois
davam para a família ou para abrigos, dependendo da situação. As
prisões deverão também ter creches com profissionais qualificados para
abrigar crianças de 6 meses a 7 anos, cuja mãe esteja presa e seja a
única responsável. A autora do projeto, deputada Fátima Pelaes (PMDB/AP)
ressaltou à imprensa que a lei é uma “obrigatoriedade de que realmente
os presídios femininos disponham de um atendimento à mãe e à criança”.
Fátima, que nasceu em um presídio e viveu nele até os 2 anos de idade,
afirmou também que: “Toda mulher tem direito de ser mãe e toda criança
tem direito à convivência com essa mãe, ao carinho e ao afeto. Isso faz
diferença na vida dos dois.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário